quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Especialistas trazem a Lisboa experiência no uso de biomassa

Os últimos desenvolvimentos tecnológicos na utilização de biomassa serão discutidos a partir de quinta-feira em Lisboa, numa conferência em que se fará um levantamento da situação em Portugal e dará a conhecer a experiência internacional.

Para Portugal, onde a maior parte dos produtos de consumo se baseiam no petróleo, "é fundamental mudar essa matéria prima para um sistema baseado em biomassa, ou seja, em resíduos, que são renováveis", disse à Lusa Henrique Matos, um dos organizadores da reunião.

"Se pensarmos na biomassa florestal, são resíduos florestais renováveis ano a ano", assinalou este docente do departamento de Engenharia Química e Biológica do Instituto Superior Técnico (IST).

Estarão presentes especialistas internacionais na área da bioenergia e bio-refinaria de vários países europeus, bem como um representante da Direcção-Geral de Energia e Transportes da Comissão Europeia.

Em termos de bioenergia, segundo Henrique Matos, o que estará em debate será a utilização de biomassa a partir de resíduos florestais ou de outro tipo.

Quanto à bio-refinaria, "iremos ver de que forma é que dentro do universo da indústria portuguesa, por comparação com a situação internacional, será possível aproveitar toda a biomassa disponível não tanto com o objectivo final de produção de energia, mas de uma panóplia de produtos que possam substituir os que se baseiam actualmente no petróleo", afirmou.

Entre esses produtos referiu o álcool, em geral, que pode ser aplicado num conjunto alargado de indústrias, desde a farmacêutica à alimentar.

Será discutida a importância da biomassa e dos biocombustíveis nas políticas energéticas na Europa e, em Portugal, a utilização industrial de biomassa para a produção de electricidade, os novos conceitos de bio-refinaria e os mais recentes desenvolvimentos tecnológicos na área dos biocombustíveis de segunda geração.

Do programa do encontro consta uma visita ao complexo industrial da Portucel, em Setúbal, que integra um dos maiores grupos de produção de pasta de papel em Portugal e cujo interesse reside no facto de ter uma produção muito intensa de biomassa e de madeira e produtos secundários derivados.

"Dentro da família dos álcoois ou dos ésteres há um conjunto de produtos que são depois base para uma cadeia de outros, quer nos plásticos, quer na indústria farmacêutica ou alimentar que podem vir a ser substituídos por derivados de biomassa", assinalou Henrique Matos.

A conferência, que decorre até sexta-feira no auditório do Campus Lumiar, é organizada conjuntamente pelo Instituto Superior Técnico (IST), o Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia (LNEG, ex-INETI), o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI) e o Instituto Raiz, que se dedica à investigação científica na área da pasta de papel, integrando estas quatro entidades o Grupo Nacional para a Integração de Processos.

O evento está também relacionado com a participação portuguesa num acordo internacional que, sob os auspícios da Agência Internacional de Energia, promove a integração de processos e a sua aplicação à bio-refinaria.

Diário Digital / Lusa

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