sábado, 15 de outubro de 2016

50 M€ investidos em central de biomassa no Fundão

por Ana Rita Costa
biomassa

Arranca este ano, no Fundão, a construção de uma central de biomassa, um investimento de 50 milhões de euros que estará nas mãos de empresários portugueses e estrangeiros. De acordo com a Gazeta Rural, os trabalhos deverão começar em setembro e não contam com subsídios.
Segundo a publicação, a unidade está classificada como Projeto de Interesse Nacional e deverá estar concluída já em 2018. Carlos Alegria, um dos sócios da unidade e que também é sócio de uma central de biomassa em Oliveira de Azeméis, refere que a central criará cerca de 30 postos de trabalho diretos e servirá para dinamizar o setor florestal.
Esta unidade integra o conjunto de centrais de biomassa que foram colocadas a concurso em 2006 pelo Governo, mas que acabaram por não avançar, tendo posteriormente sido vendidas as licenças aos atuais promotores do projeto. In vida rural

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

COMUNICA 2016 – Comunicação na área do Ambiente - 03 de Novembro no auditório do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP)



Quando a população e os meios de decisão estão informados e sensibilizados, envolvem-se mais nas iniciativas e tomam melhores decisões. Por esta razão, é fundamental que exista uma boa Estratégia de Comunicação por parte das instituições e das empresas.

Uma Estratégia de Comunicação bem definida é fundamental para que a mensagem a transmitir seja compreendida. A Comunicação na área do Ambiente é:

— Importante para a imagem das empresas, tanto com os colaboradores internos, como com o exterior (fornecedores e clientes);

— Importante para as associações/organizações conseguirem transmitir a sua missão de uma forma mais eficaz e eficiente;

— Um nicho de mercado com potencialidade.

Os participantes terão a possibilidade de conhecer vários exemplos de aplicação de Estratégias de Comunicação na área do Ambiente, tomando consciência da importância e benefícios que uma boa Comunicação pode trazer para as empresas.

COMUNICA 2016 – Comunicação na área do Ambiente, que se realizará dia 03 de Novembro no auditório do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP), permitirá que todos os participantes possam dar o seu contributo às florestas portuguesas, através do Projeto Floresta Comum, um projeto que promove e apoia ações de produção e arborização com espécies florestais autóctones no território nacional, contribuindo e incentivando dessa forma a biodiversidade das florestas portuguesas.

No dia do evento o participante poderá escolher uma das árvores autóctones disponíveis (azinheira, sobreiro ou carvalho) que será plantada pela Quercus durante a próxima época de (re) arborização, que decorrerá de novembro de 2016 a fevereiro de 2017.






PROGRAMA:


comunica programa 01

Produzir mais com energia limpa


Texto: Emília Freire l Fotografia: David Oitavem
- 
4 Outubro, 2016


Biomassa - Vida Rural
O aquecimento de estufas a biomassa tem crescido em Portugal. O investimento inicial é mais elevado que as alternativas, como o gás ou o gasóleo, mas os produtores consideram que as vantagens posteriores em termos de poupança de combustível e, principalmente, de estabilidade e aumento da produção compensam a aposta.
Visitámos e falámos com produtores de flores, morangos e tomate (ainda em ensaio), que usam sistemas de aquecimento a biomassa – caldeiras ou geradores de ar quente –, há mais ou menos tempo, e todos se mostram satisfeitos com a solução. Face ao sistema anterior, a gasóleo, “aqueço mais área com menos dinheiro e tenho mais eficiência no cultivo, rondando os 95%. Estou muito satisfeito com o sistema”, explica à VIDA RURAL, Rui Aurélio, sócio-gerente da Adoraflor, que produz crisântemos/margaridas em Alpiarça.
Prova disso é que depois de há quatro anos ter instalado uma caldeira a biomassa que aquece a água que passa pela estufa em tubos de plástico, quando decidiu aumentar a sua área de produção – que hoje é de 30.000m2 –, falou com Rui Turella Vicente, diretor da Agroturella – que desenha e fornece equipamentos e sistemas a biomassa – e está agora a instalar um sistema a biomassa mas completamente novo. “É um gerador de ar quente, que circula pela estufa em tubos metálicos suspensos. Esta é uma máquina finlandesa (a primeira a ser instalada em Portugal) muito eficiente e que permite queimar quase tudo: lenha, estilha, pellets, caroço de azeitona, etc.”, conta o diretor da Agroturella.
Adoraflor - biomassa - Vida Rural
Adoraflor
Já Hugo Pereira, gerente da Paxberry, que produz morangos na região de Beja, diz-nos que “logo no projeto de instalação das estufas tínhamos prevista a instalação do sistema de aquecimento mas a gasóleo, entretanto decidimos analisar a opção biomassa e percebemos que ao fim de ano e meio podíamos recuperar a diferença e que a eficiência em termos de produção seria maior, por isso optámos pelo sistema da Keima”, outra fabricante nacional de sistemas e queimadores a biomassa.
Bruno Freitas, gestor da empresa de Braga, refere que “as nossas máquinas são policombustiveis permitindo queimar estilha, casca de pinheiro, bagaço ou caroço de azeitona, etc.. Num dos nossos clientes, a Target Flavours em Mirandela, que produz framboesa, até se queimam os restos da poda das plantas da framboesa”.
Aquecimento do tomate ainda em ensaio
No caso do tomate, fomos falar com a Hortomaria, uma empresa da região de Torres Vedras, em A-dos-Cunhados, que há dois anos decidiu avançar com um projeto em parceria com a Agroturella e a Litoral Regas (com a participação da Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste, do Instituto Superior de Agronomia e da Universidade de Évora), para o de aquecimento de meio hectare de estufas de tomate.
Paulo Maria, sócio-gerente da empresa que possui um total de 12 hectares – onde além do tomate produz curgete, feijão-verde e alface –, conta que “o objetivo era ver se conseguíamos antecipar a produção do tomate em, pelo menos, um mês e podermos assim beneficiar de melhores preços. E conseguimos”.
O responsável, que também lidera a Organização de Produtores Carmo & Silvério, através da qual vende a sua produção, diz-nos que “os resultados estão a ser positivos mas ainda só temos duas campanhas, precisamos de mais para ver se os preços que conseguimos em abril compensam o aumento dos custos de produção, nomeadamente com a compra do caroço de azeitona, que tem a melhor relação qualidade/preço, porque muito poder calorífico e produz pouco resíduo, cinza”. Além disso, há que ter em conta o investimento de cerca de 40.000 euros que foi feito, embora com projeto PRODER.
HortoMaria
HortoMaria
O sistema de aquecimento produz o resultado esperado, isto é: permite a antecipação da produção mas com a instabilidade do clima, principalmente na primavera, os preços do tomate em abril, por exemplo este ano, baixaram, por isso “são necessárias mais campanhas para se fazerem bem as contas antes de decidir alargar ou instalar o sistema de aquecimento na totalidade das estufas”, salienta Paulo Maria.
Vantagens do aquecimento a biomassa
O aquecimento a biomassa tem vindo a crescer – “só a Agroturella tem um parque instalado de cerca de 200 caldeiras e geradores de ar quente, num total de cerca de 26Mw, só em estufas” – porque cumpre todos os objetivos de aquecimento de uma cultura em estufa, nomeadamente, de aumento e estabilidade da produção, de antecipação ou de produção no inverno, mas com mais vantagens face aos combustíveis alternativos mais usados, como o gás ou o gasóleo, principalmente em termos económicos e ambientais, mas Rui Aurélio, da Adoraflor refere também o facto de “ter sempre as plantas secas, o que é muito importante para a estabilidade e eficiência da produção, mas também porque diminuiu a incidência de pragas e doenças, como a botrytis ou a ferrugem branca”.
Rui Turella Vicente dá exemplos de culturas que seriam praticamente inviáveis sem aquecimento, como a gerbera, a rosa ou o manjericão, “neste último caso uma cultura cuja temperatura não pode baixar dos 15 graus”, e adianta: “no caso das gerberas, no inverno, sem aquecimento, a planta produz cinco flores, com aquecimento pode produzir até 45, a cerca de 6€ o molho, que é o preço de inverno, um equipamento de 25.000€ paga-se em quatro meses”.
A maioria dos sistemas instalados em estufas agrícolas são geradores de ar quente (versus caldeiras) “porque permitem maior versatilidade com menos gastos, nomeadamente de eletricidade”, afirma o diretor da Agroturella.
Falando de custos (Ver Caixa), o investimento inicial necessário para instalar um sistema de aquecimento a biomassa é mais elevado, mas os consumos de combustível são depois muito menores, além de ser energia limpa, podendo isso ser também considerado nos projetos PDR 2020 ou Portugal 2020.
Relativamente ao fornecimento do combustível – pellets, estilha, caroço de azeitona (o mais usado), os produtores compram diretamente a fornecedores e distribuidores, mas no caso da Agroturella, a empresa “fornece aos seus clientes, uma listagem de vendedores de todos os tipos de biomassa com protocolos estabelecidos entre a Agroturella e eles próprios, com a finalidade de dar aos nossos clientes, preços mais baixos e condições especiais de transporte e pagamento”, informa Rui Vicente.
O caroço de azeitona é um dos combustíveis mais utilizados porque além de ser muito calorífico e mais barato, a época em que há mais oferta coincide com a altura em que é necessário aquecer a maioria das culturas, no inverno.
Adaptado a várias culturas
O sistema de aquecimento de estufas a biomassa está já instalado em vários cultivos com destaque para as flores (crisântemos/margaridas, gerberas, rosas), os morangos, framboesas, cogumelos em tronco, tomate, entre outras. Os sistemas funcionam quase exclusivamente à noite para aquecer água – com caldeiras –, que circula em tubos junto à base da planta, ou ar – com geradores de ar quente –, que circula em mangas plásticas microperfuradas junto ao chão ou em tubos aéreos. Rui Vicente salienta que “o sistema de mangas permite rentabilizar mais a potência das máquinas, ao localizarmos a temperatura onde é necessária, junto às plantas, conseguimos aquecer zonas muito maiores com menos potência e também são sistemas integrados de aquecimento e ventilação porque as mangas facilitam a convecção da humidade relativa”.
No caso da Agro-Cachola, que produz cogumelos em tronco, no Montijo, e que a reportagem da VIDA RURAL já não teve possibilidade de visitar, o diretor da Agroturella explica que “este é um dos maiores produtores do País de cogumelos em tronco, em estufa, possuindo três blocos de 1.500m2, cada um com seis subsetores com aquecimento de 250m2 de cada vez. Como o cogumelo é um produto com alguma dificuldade de escoamento, assim o produtor aquece só as áreas que necessita para produzir em cada altura”.
Nas flores, Rui Vicente explica-nos que “temos de manter determinada temperatura durante a noite, digamos que não são sistemas muito complicados, embora tenhamos sempre de os projetar caso a caso”, mas, alerta, “nos morangos o aquecimento tem muito segredo, o problema é o vingamento do fruto quando não há uma temperatura estável mas também precisa de algum frio, por isso, na floração aquecemos ao nascer e ao pôr-do-sol para reduzir o choque térmico, e após a plantação durante toda a noite”. E acrescenta: “muitas vezes até somos nós que recomendamos ao cliente qual a variedade ou a melhor forma de construir as estufas, como fizemos aqui em Alpiarça nas Estufas do Vale, do Júlio Santos Silva. Tudo tem de ser adaptado à cultura e às condições de cada estufa”.
cogumelos Agro-Cachola - Vida Rural
O diretor da Agroturella frisa ainda que “no inverno o morango tem melhores calibres, porque a planta é nova, é muito mais doce porque cresce mais lentamente que no verão, por isso também tem mais valorização”.
Tomate com sistema idêntico aos morangos
Também Hugo Pereira, da Paxberry, que tem 20 mil m2 de estufas de morangos em hidroponia, explica que “o equipamento da Keima está ligado à central de controlo da estufa e quando a temperatura baixa dos 8° liga-se automaticamente e temos também uma tela no teto para não deixar passar o calor”. E salienta: “procuramos a precocidade, por isso plantamos em setembro e logo com plantas já desenvolvidas, assim estou salvaguardado, sei que as plantas vão sempre ‘trabalhar’”. O sistema está instalado há dois anos mas como este ano o inverno foi muito atípico, porque não houve frio, o sistema nem funcionou. “Há dois anos funcionou todos os dias durante dois meses e meio e este ano nem um único dia, mas isso não e habitual”, conta o gerente da Paxberry, salientando que “há outros produtores, que usam sistemas a gasóleo, que são muito mais caros e cuja distribuição do calor é má, que já estão a pensar mudar para a biomassa”.
No tomate, também em hidroponia, o aquecimento funciona no final do inverno/início da primavera (de dezembro a março), garantindo um mínimo de 14°, e também é integrado com mangas microperfuradas junto à base da planta por onde circula o ar quente. “O objetivo é conseguirmos ter produção em abril, quando os preços estão, normalmente, muito bons porque Espanha está no fim da campanha, porque produz no inverno, ainda ninguém está a produzir no resto da Europa”, afirma Paulo Maria, salientando que “estamos a testar nomeadamente as datas ótimas de plantação para obtermos os melhores resultados e o ensaio foi com tomate cacho mas para o ano também vamos ensaiar no tomate de salada”.
Os testes incluíram igualmente diversos tipos de combustível, mas Paulo Maria considera que “o bagaço de azeitona faz muito lixo, cinza, e não compensa, por isso o caroço de azeitona é o que nos parece ter melhor relação qualidade/preço. Compramos em Ferreira do Alentejo e eles vêm entregar”.
Um negócio em crescimento
A maioria dos sistemas de aquecimento a biomassa destina-se a outros setores como (pavilhões, armazéns, piscinas, ginásios, etc.) ou então para a indústria avícola (aviários), mas a área das estufas agrícolas, principalmente de flores, tem vindo a crescer muito nos últimos anos.
Por isso, surgiu a Agroturella, uma empresa que Rui Turella Vicente detém em sociedade com a Coprax, “que foi onde todos estes sistemas começaram. Mas como a área das estufas agrícolas começou a crescer muito, o meu sócio sugeriu que autonomizássemos esta área de negócio e há três anos criámos a AgroTurella”.
A empresa trabalhava com vários fornecedores de equipamentos e desenhava os sistemas mas, depois “de alguns problemas na assistência e para termos a possibilidade de projetar equipamentos ‘à medida’, decidimos fazer uma joint-venture com uma empresa italiana que já fabricava estes equipamentos, onde temos agora a produção da nossa marca, numa parte específica da fábrica e com engenharia nacional”. A marca Turella Biomassa tem caldeiras e geradores de ar quente específicos para as estufas agrícolas e “foi apresentada este mês na Feira Nacional da Agricultura”, adianta Rui Turella Vicente.
Assim, explica o responsável, “conseguimos introduzir melhorias nas máquinas, como a retirada automática das cinzas, e podemos garantir uma assistência 24h, 365 dias”.
O diretor confessa ainda que “também queremos já em 2017 começar a expansão para o estrangeiro, embora já tenhamos alguns projetos, e com o nosso equipamento podemos fazê-lo com total segurança e garantia da qualidade porque podemos controlar todo o processo”.
Custos e consumos
Falando de custos, Rui Turella Vicente indica que num cálculo para 3000m2 de estufas:
 Os equipamentos
– a gás/gasóleo rondam os 14.300€,
– a biomassa são cerca de 22.500€;
 Quanto aos consumos (cálculo)
– Gás – 29.787kg (11,75kw por Kg) – custo aprox. 0,97€ = 28.894€,
– Gasóleo – 36.842 litros (9,50kw por Kg) – custo aprox. 0,85€ = 31.316€,
– Pellet – 74.478 Kg (4,70kw por Kg) – custo aprox. 0,15€ = 11.172€,
– Caroço de azeitona – 68.627kg (5,1kw por Kg) – custo aprox. 0,12€ = 8.235€.
(aos preços dos combustíveis acima indicados acresce IVA à taxa legal em vigor)