terça-feira, 3 de julho de 2007

UE: Sócrates, Barroso e Lula em debate sobre biocombustíveis

UE: Sócrates, Barroso e Lula em debate sobre biocombustíveis
O papel dos biocombustíveis na luta contra as alterações climáticas junta quinta-feira o primeiro-ministro, José Sócrates, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e o chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, em Bruxelas.

A conferência sobre biocombustíveis, organizada pela Comissão Europeia, tem como objectivo lançar o debate sobre o desenvolvimento de um mercado internacional de produção e comércio de combustíveis.

José Sócrates, José Manuel Durão Barroso e Luíz Inácio Lula da Silva irão intervir numa das sessões de trabalho, ao final da manhã de quinta-feira.

Na conferência, que termina na sexta-feira, serão debatidos quatro grandes temas, a começar pelas condições necessárias para a criação de um mercado internacional para os biocombustíveis.

«O ambiente e os biocombustíveis», «Biocombustíveis e países em desenvolvimento», e «Perspectivas de investigação» são os outros três painéis da conferência.

Os biocombustíveis, que podem ser feitos de cana-de-açúcar, milho, óleo de palmeira e outros produtos agrícolas, têm sido vistos por muitos como uma forma mais limpa e barata de abastecer as necessidades energéticas do mundo, sem recorrer aos combustíveis fósseis.

A participação do Presidente brasileiro, Lula da Silva, prende-se com o sucesso que os biocombustíveis têm no seu país, que vai iniciar a exportação de etanol para os Estados Unidos e a Europa.

Actualmente, a produção energética brasileira é uma das mais limpas do mundo, com cerca de 36 por cento de origem renovável, nomeadamente biocombustíveis, bem acima da média mundial de 13,5 por cento, segundo dados da Agência Internacional de Energia.

Em Março, os líderes dos 27 adoptaram, em Conselho Europeu, uma proposta de Durão Barroso de política energética europeia que determina que, até 2020, 20 por cento da energia consumida na União Europeia (UE) seja produzida a partir de fontes renováveis.

Por outro lado, Bruxelas pretende ainda que, até 2010, dez por cento do sector dos transportes da UE utilize biocombustíveis.

Esta medida foi alvo de uma consulta pública que vigorou até 04 de Junho, esperando-se que durante a presidência portuguesa da UE seja apresentada uma proposta concreta.

Estas medidas incluem-se num esforço de combate às alterações climáticas com o objectivo de reduzir em 20 por cento as emissões de dióxido de carbono (CO2) até 2020, em relação ais níveis de 1990.

Este objectivo poderá subir para os 30 por cento de redução se os restantes países industrializados se comprometerem a atingir reduções de emissões comparáveis.

Apesar de haver consenso sobre o facto de os biocombustíveis serem mais limpos que os fósseis (carvão, petróleo e gás), a sua produção não está isenta de críticas.

A Organização das Nações Unidas (ONU), numa posição subscrita por organizações não-governamentais ambientalistas, já alertou para o perigo da desflorestação, como já acontece na Indonésia, para destinar mais terrenos à produção de matéria-prima para o bioetanol e o biofuel.

Por outro lado, a ONU alertou também para o facto de a sua produção generalizada poder provocar uma subida nos preços dos alimentos, como o milho, uma das fontes a partir da qual se pode produzir bioetanol.

Neste sentido, a Comissão Europeia aposta no desenvolvimento de biocombustíveis de segunda geração, produzidos directamente a partir da fracção sólida de biomassa vegetal ou animal.

A biomassa tem como fonte os produtos e resíduos da agricultura (incluindo substâncias vegetais e animais), os resíduos da floresta e das indústrias conexas e a fracção biodegradável dos resíduos industriais e urbanos.

A produção de combustíveis a partir de biomassa vegetal, por exemplo, tem ainda a vantagem de estimular a limpeza das florestas, contribuindo para a prevenção de incêndios.

Diário Digital / Lusa

03-07-2007 7:00:00

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